quinta-feira, 3 de março de 2011

Domingo

(P/ Castro)

O vento cantando nas frestas, e nós,
O vento cantando nas frestas, você falava de filmes?,
O vento cantando nas frestas, e lembro de suspiros.
Arranhões?

O vento cantando nas frestas, nós líamos.
Já era noite aqui dentro, e o vento cantando nas frestas.

As frestas paravam tudo,
e ouviam, e ouviam.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fuga

(v.)

Eram três da tarde
de todos os dias de algum mês de Outubro
quando Francisco fugiu.

Me deixou um bilhete,
pedindo saudades,
e dizendo pra eu não me preocupar,
que pras bandas de lá
só chovia quando a gente levava guarda-chuva.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Caderno de Prantos

(zzz)
Virada do dia 06 para o dia 07 de Fevereiro de 2011, Gabo, Nina e Will no carro, após a constatação de que não lembravam da última vez em que haviam chorado, resolvem criar um caderno com as datas dos prantos de 2011.

"As melhores idéias sobrevivem." (as piores, a gnt espera que também)

19/Fev: Uma lágrima a menos por um diálogo do primeiro episódio de Off The Map.
- This is it. Lago del luz.
- (Estranhando) It's just a pond.
(Um dos personagens balança com o remo o lago, aparentemente escuro, que, então, cria camadas azuis luminosas incríveis)
- (Explicando) A microscopic organism when it's disturbed... a chemical reaction causes the phospho...
- (Interrompendo) Fireflies!

11/Març: Okey, esse caderno de prantos vai realmente ficar geek-sem-vida se eu continuar chorando em seriados-americanos, mas não dá pra não chorar vendo o último episódio de The Big C. Catarses ergo sum.

19/Març: Não sei bem se eu chorei, mas foi qualquer coisa muito parecida. Tocava alguma música dessas de fim de filme bobo, boba. Noite, Dduck, álcool, álcool, acabei de chegar, ainda há álcool. Muita, muita gente. Acabei vendo de novo a Thaís. Já tínhamos nos cumprimentado, meia dúzia de palavras trocadas. Mas de repente, nesse instante, naquela música boba, ela estava com um cara. Um beijo muito bonito. Tudo continuava, muitas, muitas pessoas. Mas um beijo muito bonito. A primeira coisa que me veio a cabeça foi "Ela sobreviveu". Logo em seguida "Ela sobreviveu!", e depois "ela sobreviveu". "Ela sobreviveu..". Ficou na minha cabeça, a música, o beijo, as muitas, as pessoas, ela sobreviveu, Ela sobreviveu.
Eu nunca sobrevivi, não tanto, não por completo.
Talvez por isso, talvez apenas pela beleza do penhasco-escalado, eu chorei baixinho.
Juro que bem baixinho, sobrevivendo.

20/Març: M.B.

07/Abril: O dia do transtorno.

08/Abril: O dia do garoto perdido.

27/Abril: Glee 02x18

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Amor de Ostra

(v.)

Eu vivi uns poucos amores, a maioria sem muito bambu na costura. Entendo de poucos, mas imagino de uns tantos. Outro dia ouvi falar em amor-de-ostra. Paradoxo até: amor seria se ostra não fosse. Desse signo padece o caboclo fechado, concha impecável, concha de crosta; não abre nem por reza-brava-nosso-senhor. Vez em outra, um chupim,ou grão de areia mal-criado, lá pra dentro consegue entrar. Vira estorvo, moléstia, amigdalite de sal, tira paz d’um Pacífico inteiro. Ostra passa tempo em doloridade, não tem sustança por dentro, quase água. Ostra se fecha ainda mais forte. E, pros incômodos de dentro, lança madrepérola. Faz do machucado pedra roliça e eterna. Não devolve mais.